domingo, 1 de junho de 2008

DUELO DE TITÃS SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

MUDANÇAS CLIMÁTICAS- CAUSAS NATURAIS

MUNDANÇAS CLIMATICAS-CAUSAS ANTRÓPICAS



VÍDEO SOBRE...



Prezado Pedro Severino, Segue abaixo para reflexão artigo do nosso colega de trabalho Carlos Nobre publicado na Folha de SP.
Grato.

Lincoln Muniz,
Meteorologista do CPTEC
(
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos)


Sobre um físico e a feliz ignorânciaFolha de S. Paulo - São Paulo, quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
CARLOS NOBRE


Embora seja evidente o risco futuro representado pelas mudanças climáticas, ainda há quem prefira continuar vivendo em feliz ignorância.


O ARTIGO de José Carlos Azevedo ("O Aquecimento da Terra", no jornal "O Estado de S. Paulo", 7/11) surpreende em pelo menos um aspecto. Por um lado, presta justificada homenagem ao famoso físico-químico sueco Svante Arrhenius, o primeiro cientista a prever, em 1896, o aquecimento global devido ao aumento da quantidade de gás carbônico na atmosfera. Mas, logo depois, paradoxalmente, atribui a causas naturais o aquecimento global observado à superfície no planeta Terra. Arrhenius deve ter se revolvido no túmulo ao ver um colega físico formado pelo prestigioso MIT (Massachusetts Institute of Technology, dos EUA) maltratar tanto a física.


Para justificar que as ações humanas não seriam capazes de alterar o clima da Terra, o articulista lança mão do fato de que a energia solar recebida pela Terra é milhares de vezes maior que o total de energia utilizada pelas atividades humanas.



A Física de Sistemas Complexos - E o sistema Climático Global:


É um sistema complexo- nos ensina que não é necessário movimentar energias comparáveis àquelas utilizadas nos fenômenos climáticos para alterá-los. Basta que a perturbação atinja um ponto sensível desse sistema. Esse "ponto sensível" é a mudança na composição da atmosfera, com a injeção maciça de gases de efeito estufa -numa velocidade maior do que a atmosfera pode dispor dos gases, resultando na acumulação atmosférica destes-, que aquecem a superfície e a baixa atmosfera. É, no mínimo, incomum um bom físico não reconhecer isso, conhecimento bastante básico em física e em outras ciências.


Azevedo se utiliza da falácia "non sequitur", em que a conclusão não segue das premissas, para confundir. Argumenta que, se modelos demográficos não foram bons para prever a população da Terra nas últimas décadas, então modelos climáticos não o são para prever a temperatura do planeta nos próximos 50 anos. É confundir alhos com bugalhos. Modelos de crescimento populacional buscam quantificar tendências futuras em função de taxas de natalidade e mortalidade presentes e estimadas para o futuro imediato.


É sabido que sistemas sociais não seguem leis universais e seria quase impossível prever, há 30 anos -para citar um exemplo demográfico brasileiro-, a vertiginosa queda da fecundidade da mulher brasileira.


As ferramentas utilizadas para chegar às projeções das mudanças climáticas são modelos matemáticos do sistema climático que utilizam as leis universais da física. Por exemplo, as taxas de absorção da radiação térmica pelos gases de efeito estufa -que explicam a física elementar deste efeito e do aquecimento global- são muito bem conhecidas e não mudam de década para década. Aliás, são constantes da física quântica que não se alteraram desde o surgimento desses gases nos primórdios do universo, há mais de 13 bilhões de anos.


O ex-reitor da UnB (Universidade de Brasília) se utiliza de outra falácia: "argumentum ad hominem", o ataque ao argumentador. Segundo ele, os dirigentes envolvidos com as mudanças climáticas sofrem de poluição mental e escolhem lugares aprazíveis para realizar suas reuniões (Rio, Viena, Kyoto, Bali) e, portanto, não podem ser levados a sério e não necessitamos prestar atenção ao que dizem.


Na realidade, os relatórios do IPCC avaliam amplamente, a cada cinco a seis anos, o avanço do conhecimento científico sobre as mudanças climáticas e representam os consensos dos milhares de cientistas que deles participam, em que se documenta meticulosamente o que é sabido e também as incertezas sobre as mudanças climáticas que já estão ocorrendo e sobre as projeções para o futuro. No momento em que a ciência aponta riscos e perigos da continuidade da trajetória atual de emissões, cabe à classe política estabelecer políticas públicas de enfrentamento às ameaças potenciais.

A Convenção do Clima da ONU e seus desdobramentos são ações políticas em resposta a um desafio de proporções globais, motivado por consensos e projeções de cientistas, algo raro de acontecer no concerto das nações. Como disse recentemente o presidente da Convenção do Clima, Yvo de Boer, é criminalmente irresponsável não atuar imediatamente para reduzir o risco futuro representado pelas mudanças climáticas. No entanto, há ainda aqueles que preferem continuar dormindo em berço esplêndido e viver em feliz ignorância.




CARLOS A. NOBRE, doutor em meteorologia pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), é pesquisador titular do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), presidente do IGBP (International Geosphere-Biosphere Programme) e participante como autor do quarto relatório de avaliação do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, na sigla em inglês), de 2007.-- Lincoln M. AlvesMeteorologista - Grupo de Previsao ClimaticaCPTEC/INPE+55 12 3186-8580Um bem-aventurado e sua douta ignorância

Sem um só argumento científico para contestar o que eu disse sobre o clima da Terra, Carlos Nobre atribuiu a mim erros que não cometiJOSÉ CARLOS DE AZEVEDO

COM ATRASO , pouca educação e menores conhecimentos científicos, o sr. Carlos Nobre, do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, na sigla em inglês) e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), publicou neste espaço, no dia 13/12, o artigo "Sobre um físico e a feliz ignorância" para criticar texto de minha autoria publicado em "O Estado de S. Paulo" de 7/11, "O aquecimento da Terra". Bastaria dizer "non sequitur" para respondê-lo. Sem um só argumento científico para contestar o que eu disse, atribuiu a mim erros que não cometi e acobertou-se em expressões latinas triviais.Foi além: insinuou ter conhecimentos de física que não tem e falou de "constantes da física quântica que não se alteram desde o surgimento desses gases nos primórdios do universo, há mais de 13 bilhões de anos", afirmação errada, pois elas variam; ele nada entende de "renormalização" nem dos estudos iniciados por Dirac em 1937 sobre variação da constante gravitacional.

Para impressionar, falou de "física dos sistemas complexos", ramo da matemática iniciado por Poincaré no século 19 e inútil para provar que o CO2 gerado pelo homem é a causa do aquecimento.

A física pueril do sr. Nobre é do século 19, sem quanta e sem relatividade, e a meteorologia não é ciência por não ter a capacidade de prever; ninguém prevê o clima com mais de um mês de antecedência, apesar das "projeções por computador", que valem pouco. O sr. Nobre deve também confiar no Almanaque Capivarol e ignora que "a ciência é feita de fatos, como uma casa é feita de pedras, mas uma acumulação de fatos não constitui uma ciência, como uma de pedras não faz uma casa" (H. Poincaré, "La Science et l'Hipothèse").

O resumo do meu artigo é simples: o IPCC é um órgão político, e não científico, e não há prova de o CO2 gerado pelo homem influir no clima da Terra, que sofre outras influências: manchas solares, raios cósmicos, neutrinos, ciclos da Terra em sua órbita, vulcanismo, nuvens, correntes oceânicas etc. O leitor interessado na opinião de renomados cientistas sobre o IPCC pode ler na internet a conferência de Antonino Zichichi, presidente da Federação Mundial de Cientistas, feita neste ano no Vaticano para o Conselho Pontifício de Justiça e Paz, em que criticou a debilidade dos modelos matemáticos do IPCC; disse que o tema do aquecimento deve voltar aos laboratórios e não cabe em foros onde alarmistas buscam notoriedade.


Leia também os seminários internacionais sobre emergências planetárias, da fundação Ettore Majorana, Erice, Itália. Leia o que disse, na Universidade de Wisconsin e em "The Third Culture", Freeman J. Dyson, de Princeton, um dos criadores da eletrodinâmica quântica.

Leia o depoimento do festejado meteorologista Robert M. Carter, "Public Misconceptions of Human Caused Climate Change", no Senado dos EUA, com críticas ao IPCC, em que disse: "É fato notável que, apesar dos gastos em escala mundial de cerca de US$ 50 bilhões e dos esforços de dezenas de milhares de cientistas, nenhum sinal climático foi detectado que seja inequivocamente distinto das variações naturais".

Na mesma linha, há o depoimento, no mesmo Senado, do meteorologista do MIT Richard Lindzen. Henrik Svensmark, Christopher Landsea, Paul Reiter, Claude Allègre, Hendrik Tennekes... Descabe a lista enorme de cientistas críticos ao IPCC.

O clima na Terra muda sempre e nada indica que sofre influência humana. Por isso, basta dizer ao Sr Carlos Nobre:


Que afaste-se de seu mentor Al Gore :




O "Exterminador do Futuro"; leia o "Manual da Redação" da Folha, pois o seu texto é muito confuso; insista em sua profissão, que é extremamente importante, e lembre-se do exemplo de Demóstenes, o maior orador da Antiguidade: nasceu gago e venceu essa limitação discursando, para bravias ondas do mar, com umas pedrinhas na boca; por isso, estude muita física, assunto que conhece pouco. E encontre conforto espiritual no Evangelho de são Mateus: "Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o reino dos céus".





JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA AZEVEDO
É Doutor em Física pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA).
Foi Reitor da UnB (Universidade de Brasília).


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