quarta-feira, 2 de abril de 2008

EXCESSO DE CHUVAS NO NORDESTE


VÍDEO SOBRE CHUVAS NO NORDESTE:

EXCESSO DE CHUVAS NO NORDESTE


O excesso de chuva já causa prejuízo em vários Estados do Nordeste. No Maranhão, produtores não conseguem escoar o leite. No Ceará, municípios estão ilhados. No Piauí, criações inteiras foram perdidas.


Situação no Maranhão


Produtores do sudoeste do Maranhão estão com dificuldade para escoar o leite. Atoleiros e estradas esburacadas comprometem as entregas.

O trabalho de ordenha começa na madrugada. Os 15 municípios que formam a bacia leiteira da região tocantina produzem uma média de 300 mil litros de leite por dia, mas o excesso de chuva prejudica o escoamento da produção para os laticínios.

Em Senador la Roque o produtor tem pressa para entregar o leite, mas as péssimas condições da estrada impendem que ele cumpra o horário.
“A gente, quando entra não sabe se sai. Tem dia que a gente nem entra”, reclamou o criador Carlos Pereira.

Os produtores ajudam na recuperação das estradas na tentativa de amenizar os prejuízos. “Já é a quarta vez que eu pago o homem para arrumar porque não tenho condição de sair da estrada. Estamos ilhados”, falou o agricultor Edmilson Oliveira.

Em um dos trechos da Estrada do Arroz, no município de Imperatriz, o aterro não resistiu à força da correnteza e cedeu. A cratera tem quase 30 metros. Em outros pontos, os riachos transbordaram e dificultam a passagem de veículos.

Durante o período de chuvas o pasto verde faz a produtividade das fazendas aumentar até 40%, mas a dificuldade para escoar a produção ameaça o funcionamento das indústrias de laticínios.

Tanques de resfriamento estão sendo montados em pontos estratégicos para facilitar o transporte até a indústria. O difícil é levar o leite aos postos de coleta.
Uma indústria em Imperatriz, que recebe cem mil litros de leite por dia dos Estados do Maranhão, Pará e Tocantins, contabiliza os prejuízos.


“No mês de março nós já contabilizamos um prejuízo de 30 mil litros de leite inicialmente. Para que a gente consiga fazer o escoamento de todo esse leite para dentro da indústria é preciso que as estradas vicinais estejam em condições e em pleno estado de conservação”, disse o gerente industrial José Siqueira.


A previsão é que o outono seja bastante chuvoso. Ontem foi mais um dia de chuva intensa nas regiões Norte e Nordeste.
No município de Carolina, no Maranhão, o acumulado chegou aos 93 milímetros. E em Acaraú, no Ceará, oitenta e seis.


Comportas abertas no Ceará

Em Nova Jaguaribara, a 160 quilômetros de Fortaleza, o reservatório do açude Castanhão atingiu a cota máxima de segurança e duas comportas tiveram que ser abertas.

Como num espetáculo, a platéia, formada pelos moradores da região, buscou uma posição estratégica para observar a abertura das comportas. Aos poucos a quantidade de água foi aumentando e ficou mais forte até se transformar numa enorme cachoeira com 250 mil litros por segundo. Meia hora depois, a segunda comporta foi aberta e dobrou o volume de água.

O monitoramento dos técnicos vai definir o que será feito nos próximos dias. Se mesmo com o escoamento da água o nível no açude continuar subindo será necessário abrir mais uma comporta. Por enquanto, as duas que foram abertas são suficientes para garantir o volume controlado de água no rio.
Tudo vai depender da meteorologia. Foi por causa da chuva constante que as comportas tiveram que ser abertas pela segunda vez no maior açude do Ceará. A primeira foi na inauguração do Castanhão em 2004. As 12 comportas tiveram que ser abertas de uma vez. Agora, os técnicos tranqüilizam os moradores próximos e garantem que não o Rio Jaguaribe não corre risco de transbordar ao receber tanta água.

O excesso de chuva tem provocado prejuízo em várias regiões. No Cariri, sul do Estado, o Rio Salgado transbordou. No município de Aurora, várias plantações estão inundadas. Já choveu 1,2 mil milímetros, o dobro da média anual da região.
Prejuízos no Piauí

Não é só o Ceará que tem sofrido com as enchentes. No Piauí, a chuva também tem provocado estragos. Nas comunidades rurais próximas a Teresina famílias perderam casas e criações.

De acordo com o corpo de bombeiros, a água vem de riachos e açudes da região que transbordaram depois da última chuva. Pelo menos 50 casas no povoado Santa Luz de Cima foram invadidas pela água. Vinte delas não resistiram à enchente e desabaram. Até a ponte que fica sobre o riacho, a dez metros do chão, também está debaixo da água.
A comerciante Maria Clotilde entrou em desespero ao ver a casa cair. Ela perdeu ainda peixes e frangos de dois criatórios. O prejuízo está estimado em R$ 50 mil.
Fonte:: Globo Rural
CHUVAS NO NORDESTE: O AÇUDE CASTANHÃO NO CEARÁ, EXIBE ESPETÁCULO À PARTE.

Castanhão reabre comportas e atrai curiosos ao açude

O açude atingiu a capacidade de 70,9% e os técnicos abriram duas de suas comportas no início da tarde de ontem

Jaguaribara. Depois de apenas um mês e meio de inverno “propriamente dito” e mais de 30 açudes sangrando no Ceará, foi a vez do “gigante” Castanhão lançar suas águas para controlar o seu nível hídrico e os de outros reservatórios.
Ao atingir aproximadamente cinco bilhões de metros cúbicos e 67% de sua capacidade, o açude teve duas de suas 12 comportas abertas na tarde de ontem, jorrando 500 mil litros de água por segundo. O fenômeno atraiu, imediatamente, cerca de 300 pessoas que andaram por vários quilômetros para não perder a “onda Castanhão”.“’Bora’, gente, comprar a camisa do Castanhão.
E tem boné também”, anuncia a vendedora ambulante Jocimeire Freire de Freitas, mostrando camisetas e bonés com a foto do Castanhão estampada com suas comportas todas abertas – situação ocorrida em fevereiro de 2004, na primeira vez em que o açude derramava água no leito do Rio Jaguaribe, a uma vazão de 1.200 metros cúbicos de água por segundo (ou 1,2 milhão de litros). A atual abertura de duas comportas se dá para controlar o nível de cheia de rios como o Figueiredo e açudes como o Orós, este com sangramento previsto para os próximos dias. É quando mais uma ou duas comportas do Castanhão poderão ser abertas.

A abertura da primeira comporta aconteceu, ontem, às 14h 30, logo após técnicos e engenheiros do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) averiguarem que o reservatório alcançava a cota de 101 metros acima do nível do mar, o que corresponde a cinco bilhões de metros cúbicos de água acumulados. A segunda abertura foi às 14h55. Eduardo Segundo, coordenador do Dnocs, disse que o açude poderia segurar água sem transtornos até a cota 106, “mas não só o Dnocs como a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), avaliamos que a cota 101 é a ideal para manter o equilíbrio daqui e das outras bacias”.


RESERVA PARA QUATRO ANOS

Pessoas correm riscos para ver a água jorrar


As comportas abertas, ontem, despejavam água no Rio Jaguaribe a uma lâmina de 3,2 metros acima da cota do vertedouro. “Enquanto houver muita chuva enchendo as bacias do Salgado e do açude Orós manteremos as comportas abertas. Se o Orós sangrar nos próximos dias poderemos abrir mais algumas”, comentou Ulisses de Sousa, coordenador geral do Complexo Castanhão. Ele mora na região do próprio açude.


Ulisses com outros engenheiros monitoram, dia e noite, o nível da água.

A abertura de comportas depende de dois fatores principais: o volume de água que entra no reservatório e a quantidade de água que suporta a vazão do Rio Jaguaribe, que é de até 1.500 metros cúbicos por segundo. Assim como a vazão de água, podia-se ver a quantidade de fotografias, por segundo, tiradas pelos que saíram de suas cidades para conferir o “espetáculo das águas”.

Apesar do regime de segurança aplicado no entorno do açude Castanhão desde os primeiros abalos sísmicos, o acesso ontem, foi flexibilizado para quem queria ver o jorro d´água. Os 40 seguranças que vigiam o reservatório não puderam conter as pessoas, que se arriscavam em ficar mais próximo da passagem de água, ultrapassando a grade de segurança do mirante instalado no local e se arriscando em pedras escorregadias a mais de 100 metros de altura.


Enquanto o Castanhão “bombeia” água, nem tudo está concluído. O dique de proteção em Jaguaretama está com as obras apenas no início, crucial para a proteção da cidade. “Felizmente temos água suficiente para abastecer o Ceará nos próximos quatro anos”, ressalta o coordenador do Dnocs, Eduardo Segundo.

Fonte: Melquíades Júnior ( diariodonordeste.globo.com )

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